sábado, 6 de outubro de 2012

Suco de laranja

Outro dia, sentada com amigos numa mesa de bar, ouvi um comentário instigante: "você sabe, né? Se toda a população de Belo Horizonte resolver dobrar o consumo de Coca-cola, nenhum emprego é gerado". O colega afirmou que morava ao lado da unidade local da empresa de refrigerantes e que havia uns 200 funcionários lá. Se a demanda pelo refrigerante dobrasse na cidade, eles não teriam dificuldade em misturar a água da Copasa com a fórmula secreta da Coca-cola e produzir o dobro do que produziam antes. "Mas se você pedir suco de laranja..."
Aí estava o pulo do gato! Raimundo (este é o nome do colega) lembrou que os bares da capital já teriam que contratar mais gente para espremer as laranjas, se a demanda por suco dobrasse. Além disso, o dobro de laranjas seriam produzidas no campo. Como o cultivo de laranja ainda é pouco mecanizado, as frutas ainda são colhidas por pessoas e não por tratores, a criação de empregos no campo poderia aumentar significativamente. Sem falar dos benefícios para a saúde das pessoas e a economia para o sistema de saúde da cidade.
Tudo isso me fez pensar... Esses tempos de crise econômica são uma bela oportunidade para entendermos as consequências de nosso consumo. Hoje, fiquei sabendo que uma fábrica da Cotochés em Rio Casca (MG) vai fechar e dispensar seus funcionários. Uma tradicional fábrica de laticínios mineira está fechando uma de suas unidades e terceirizando a produção de alguns ítens em função da crise econômica mundial.
Aquela unidade da Cotochés era ponto de parada obrigatório durante as viagens da minha infância. Ainda me lembro, durante as férias com meu Tio Lecy, meus pais e meu irmão. Parávamos na Cotochés, comprávamos doce de leite, queijo, bebíamos leite tirado da vaca na hora. Pouco leite, porque criança pasteurizada passa mal com leite cru. E seguíamos viagem.
Hoje em dia, as empresas locais não estão conseguindo resistir à competição com as multi-nacionais. Na nossa necessidade de "levar vantagem em tudo", compramos no supermercado a marca que oferece melhor preço, sem pensar nos empregos que são gerados aqui ou na China.
Por isso, lanço a idéia: prefira produtos locais. Antes de comprar, leia no rótulo dos produtos de onde é a empresa e avalie se ela tem uma relação ética com a comunidade onde se insere. Está nas nossas mãos fazer isso. E, sempre que possível, peça suco de laranja.
Paz!

Um comentário:

Igor disse...

ótimo reflexão vandana!

Amanhã vou acordar cedo e ir comprar umas laranjas! =)